Um dos assuntos mais debatidos na Educação é sobre o processo de inclusão de alunos com necessidades especiais. Em tese, há discursos belíssimos incentivando essa prática, mas na realidade, poucos realmente conseguem progredir nos estudos, principalmente na rede pública.
O caso mais preocupante são os dos alunos com deficiência auditiva. Embora contem com a presença de um professor intérprete em sala de aula, sofrem com uma série de fatores que vão desde o despreparo de alguns professores que não entendem o quanto a Libras (a linguagem de sinais que utilizam para se expressar) é diferente da Língua Portuguesa e não adaptam as suas provas, não mantém um diálogo constante com o intérprete buscando meios para auxiliar na aprendizagem deste aluno, talvez por não terem tido acesso a essa linguagem na universidade ou outros motivos escusos.
Ainda há os problemas que os próprios surdos enfrentam quanto a aceitar a sua condição e até mesmo de algumas famílias que se recusam a permitir que os filhos tenham acesso a essa linguagem.
Outro problema é que as universidades não se abrem para o ingresso deste tipo de aluno no ensino superior. As provas não são adaptadas. A redação do surdo é absolutamente diferenciada da do ouvinte e que tem a Língua Portuguesa como língua materna, não podendo ser corrigida por um professor da área de Letras apenas, mas sim com o auxílio de um intérprete.
A E.E.M.J.P. dos Reis Veloso é uma escola que trabalha com o processo de inclusão, possui intérpretes competentes que estão sempre buscando se aperfeiçoar para auxiliar os alunos que acompanham, mas vale lembrar que o intérprete é um intermediário entre o surdo e o professor, o intérprete não pode realizar provas, nem fazer qualquer atividade pelo surdo, ao contrário, ele deve estimular o surdo a desenvolver suas aptidões.
A professora Ana Claudia Brida, que ministra aulas de Língua Portuguesa e Literatura, trabalha com alunos com esse tipo de especialidade desde o ano de 2007. Agora em 2015, com o auxílio da intérprete Elisângela Nardez, tem realizado um trabalho conjunto com a aluna Gabrielly Benites de Aquino. A aluna tem sido um exemplo de superação e dedicação. Os conteúdos e a avaliação de Língua Portuguesa estão sendo adaptados para as necessidades dela e a aluna conseguiu, inclusive, apresentar para toda a sala em que estuda um seminário sobre um tópico complexo nesta disciplina, o Complemento Nominal (um dos termos integrantes da oração), que em Libras não teria como explicar, mas a mesma tem se empenhado e conseguiu apresentar com excelência.
A aluna Gabrielly apresentou seus colegas de grupo para a classe, apresentou a definição de substantivo, artigo (que não existe em sua linguagem), adjetivo, advérbio e verbo e conseguiu fazer o processo de análise sintático-morfológica de várias frases. Para um aluno ouvinte isso é algo bastante simples, mas para ela dar esse passo foi preciso muito estudo, esforço e uma grande vontade de aprender.
Enquanto ela executava a Libras, a intérprete traduzia para a sala sem interferir se ela estivesse falando certo ou errado. Mas não foi preciso corrigi-la, pois a mesma se saiu muito bem. A aluna está melhorando suas habilidades com isso de interpretação de textos e também fazendo com que toda a sala participe e a auxilie, tornando sua turma uma das mais participativas do colégio. Tudo isso mostra que quando todos se unem: família, professores, intérpretes e os alunos, os resultados obtidos serão sempre satisfatórios e aí sim acontece a verdadeira inclusão, possibilitando ao aluno com necessidades especiais que ele possa se expressar e captar o mundo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário