Recebem o nome de Literatura de
Cordel as obras que são produzidas pelo povo.
Essas obras não chegam a produzir um determinado nível artístico, mas
contribuem para difundir popularmente as artes folclóricas. Nesse tipo de
Literatura, são cantados os costumes, as crenças ou os personagens (reais ou
imaginários) populares. O Cordel recebe
este nome em decorrência dos livros ficarem expostos em barbantes e presos por
prendedores.
Inicialmente, a Literatura de
Cordel foi trazida para o Brasil, no século XIX pelos portugueses e, aos
poucos, incorporou-se à cultura nacional, sendo hoje amplamente recorrente no
Nordeste, mas também utilizada no ambiente escolar, no país inteiro, para
estimular o gosto da leitura, o trabalho coletivo e a valorização das práticas
culturais.
As obras de Cordel se caracterizam
por livrinhos de capas coloridas, desenhos de traços fortes, podendo utilizar o
verso ou a prosa, tratar os temas sob uma abordagem séria ou cômica e,
inclusive, as histórias ali presentes se relacionam com as histórias orais,
pois muitas vezes, podem ser acompanhadas de violas e recitadas em praça, pelo
autor, com a presença do público.
Desta forma, a Literatura de
Cordel, tanto pelos temas quanto pela forma de execução se apropria de
elementos próprios da oralidade, sendo possível aliar a prática do Cordel com
demais textos, de outras culturas, mas que carregam a marca do oral e do
folclórico.
Pensando nessa perspectiva,
durante o 1º bimestre desse ano letivo, a professora Ana Claudia Brida, nas
aulas de Literatura do 1º ano do Ensino Médio, período matutino, na E.E.M.J.P.
dos Reis Veloso, desenvolveu um projeto de produção de Literatura de Cordel
aliada ao conteúdo proposto para a disciplina pelos Referenciais Curriculares
da Educação do Estado de Mato Grosso do Sul, intitulado “Projeto de Literatura:
Da oralidade à escrita, trabalhando o Cordel em sala de aula”. O conteúdo do
bimestre prevê o ensino dos gêneros literários (a saber: o gênero lírico que
são os textos feitos em versos; o gênero dramático que são as peças teatrais; e
o gênero narrativo que corresponde aos textos feitos em prosa), além disso, a
prática de leitura e produção textual são os principais quesitos de progressão
avaliativa dos alunos, nesta matéria; assim sendo, a professora apresentou uma
proposta diferenciada para aliar o conteúdo dos gêneros literários, o estímulo à
leitura através de uma obra clássica e a produção da Literatura de Cordel.
Num primeiro momento, foi
realizada a explicação a cerca do conteúdo dos gêneros literários. Em seguida,
os alunos realizaram rodas de leitura coletiva da obra “As mil e uma noites”. Foi selecionada essa obra da cultura árabe,
pois além da sua estrutura composta de contos, pertencentes ao gênero
narrativo, a mesma surgiu, a princípio, de lendas e da tradição oral, até os
contos se anexarem para a formação de uma obra escrita, que trata de histórias
repletas de elementos fantásticos e, na maioria das vezes, utilizando-se de
desenhos que ilustram cada narrativa. Os
alunos realizaram a leitura e o processo foi bastante interessante, pois
demonstraram grande fascínio pelo conhecimento de uma cultura tão diversificada
e participaram ativamente com questionamentos e debates.
Em um segundo momento, a
professora ministrou uma aula com utilização de data-show apresentando o que
era Literatura de Cordel, trazendo exemplos e relacionando as histórias das “Mil e uma noites” com as histórias de
Cordel. Feito isso, as turmas foram divididas em grupos de três a quatro
indivíduos, e foram orientados como deveriam montar, cada grupo, o seu Cordel.
Os alunos foram direcionados às obras e sites que explicavam na elaboração do
Cordel e a professora também selecionou a temática. Os alunos poderiam se
inspirar nas histórias das “Mil e uma
noites” e, a partir delas, elaborar suas próprias histórias, sobre as
tradições folclóricas nacionais ou a cultura sul-mato-grossense, em prosa ou
verso. Estabeleceu-se, por fim, um prazo para que os grupos realizassem o
trabalho de forma pertinente. Foi solicitado também aos estudantes para
estilizarem os prendedores, a fim de tornar a exposição ainda mais atraente ao
público.
Após o prazo estipulado, os grupos
entregaram os cordéis e prendedores, que, primeiramente, foram avaliados, como
parte essencial da nota bimestral de Literatura. Na etapa final do processo, os
cordéis foram pendurados em barbantes nas salas de aula e convidaram-se os
colegas da mesma sala e de outras salas para prestigiar o trabalho dos
estudantes. Os demais professores, coordenação e direção da escola também foram
convidados. O trabalho permaneceu
exposto na escola para que os outros turnos de estudo também pudessem ver as
atividades desenvolvidas.
O resultado do trabalho foi
bastante satisfatório, pois estimulou a participação e o convívio entre os
estudantes, firmando, entre eles, laços de amizade; desenvolveu a autoestima
dos alunos, pois ficaram orgulhosos de seus trabalhos e queriam que todos
vissem o que haviam elaborado; contribuiu para o estímulo da leitura e para a valorização
da disciplina de Literatura, pois além dos trabalhos bem feitos, durante a
avaliação bimestral, ficou visível que os alunos conseguiram apreender bem os
três conteúdos (gêneros literários, “As
mil e uma noites” e Literatura de Cordel) e o rendimento foi excelente,
pois a maior parte da turma alcançou boas notas.
Com esse tipo de atividade,
realizada durante as aulas, vê-se claramente que o objetivo da escola em ser
uma escola pública e de qualidade, de fato, tem se efetivado e contribuído para
aumentar o interesse dos alunos pelas aulas e até mesmo pela instituição de
ensino.
Bibliografia:
LADEIRA, Julieta (Adapt.). As Mil e Uma Noites. Série Reencontro. 12ªed. São Paulo: Scipione,
2003, 128p.
RAMOS, Rogério de Araújo (Ed. Resp.). Língua Portuguesa. Ser Protagonista. Vol.
II. 2ªed. São Paulo: SM, 2013.
Cordel. Disponível
em: http://www.ablc.com.br/cordeldavez/cordeldavez.htm. Acesso em: 23 jun 2008.
Literatura de
Cordel. Disponível em: http://www.tg3.com.br/cordel. Acesso em: 23 jun
2008.
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